Faça a sua escolha!
Imagine
um hipermercado, dos bem completos, com inúmeras prateleiras e nelas
houvesse uma variedade imensa de opções ao seu dispor. Não de
produtos, nada disso. Escolha qual a grande sacada da sua vida para
se tornar uma sub-celebridade instantânea! Isso mesmo, um vasto
cardápio para encher seus olhos e te dar a oportunidade – única –
de ter os 15 segundos de fama; sim, segundos, porque com a quantidade
de pessoas disputando espaços para “serem descobertas” não há
como ter minutos.
A
febre é tão grande que a epidemia de narcisismo – um fenômeno
mundial – se espalhou por todo o país. De histórias toscas a
modismos, passando por babaquices coletivas, até situações
bizarras; não importa o quanto se exponha; o que importa é
A-P-A-R-E-C-E-R.
Quem
não sem lembra, tempos atrás, de um dos primeiros grandes
acontecimentos da internet: “Vai T.N. C.”, de Chris Nicolotti? A
atriz, que até então tinha sido uma das apresentadoras de um
programa de compras na TV, passou a ser a celebridade do momento, o
que lhe rendeu um papel em uma novela no horário nobre e, como se
garantiu no que faz, continua atuando. Ou do “Dilma Boy”, paródia
feita em cima de uma música da Lady Gaga – que virou hit da
sucessão presidencial – e chegou a ter vários acessos no Youtube,
inclusive de fora do país?
De
lá pra cá, algumas coisas mudaram no critério de seleção dos
mega-sucessos-a- jato. Vale até carregar bem as tintas, forçar
todas as barras possíveis e colocar um suposto estupro dentro de um
reality show. Não precisa ser tão criativo, elaborado ou engraçado.
Pelo contrário, basta contar com o milagre da multiplicação,
somado à falta de assunto de algum jornalístico.
Luiza voltou do Canadá e que vantagem Maria leva? Concordo
que o comercial do empreendimento imobiliário com a família toda
reunida, menos a Luíza que estava no Canadá, é de fato muito
tosco. E acredito que – por isso mesmo – foi parar na rede e
virou onda. Até aí, sem novidades. O que espanta é ver uma das
maiores emissoras do país gastar espaços dentro dos telejornais
para falar do assunto, mostrando até a chegada da bela garota. Qual
é a notícia? Aliás, Luíza tenta continuar capitalizando o
mega-sucessos-a- jato. Para isso, contratou uma assessoria de
imprensa e criará um blog para falar de moda; é isso aí, moda! Não
me lembro de qualquer “matéria” citar que a moça tivesse
conhecimento ou formação sobre o tema. É, me desculpem aqueles que
fizeram faculdade de moda, cursos de especialização, foram a Paris,
Milão, Londres ou outra capital mundial da moda, se tivessem ido
para o Canadá...
E
desde quando aquela barriga era gravidez?! Essa entra no quesito
situações bizarras: a suposta gravidez de quadrigêmeos de Maria
Verônica, a professora que passou semanas dando entrevistas
e
mostrando toda a sua beleza e sex appeal para as lentes dos
fotógrafos de plantão. Duas coisas (dentre várias) me chocam nisso
tudo: nenhum dos jornalistas que entrevistaram a futura mamãe
desconfiou daquela barriga, o volume, o desenho? Ela parecia ter
qualquer coisa ali dentro, menos quatro fetos! Outro fato ridículo,
é o adorado marido dizer que não sabia da mentira. Papais (me digam
vocês), qual é o homem que passaria nove meses sem tocar, acariciar
a barriga da esposa que está carregando seus quatro filhos? E toda a
comoção gerada pelas pessoas – muito crédulas – que fizeram
suas doações? É claro que a loucura dessa mulher e sua epidemia de
narcisismo levada à milésima potência são assustadoras, mas –
mais uma vez – o mais assustador, ainda, foi o papel (de boba) que
a imprensa fez nesse circo todo.
Tal
assunto seria um prato cheio para o falecido NP (o Notícias
Populares), jornal com pautas sensacionalistas, casos bizarros e
manchetes pra lá de criativas. O NP tinha um público cativo –
fiel mesmo – e numeroso até. O irônico é que as pessoas que não
eram fãs do jornal tinham um certo preconceito contra a publicação
e seus apreciadores. Agora, eu lanço aqui um desafio: aqueles que
não gostavam do NP e não acessam as bizarrices da web (todas com o
mesmo perfil do jornal), que atirem o primeiro mouse!
Ai
se eu te pego! Saibam todos de uma notícia que mudará
totalmente o rumo de nossas vidas: a frase “Nossa, nossa, assim
você me mata, ai se eu te pego, delícia” – grande sucesso desse
verão, na voz do internacional Michel Teló – tem
sua autoria reivindicada por estudantes paraibanas que dizem que sua
criação foi uma homenagem a um guia turístico quando foram à
Disney, em 2006, e alegam ter um vídeo que prova de que foram
apresentadas como as compositoras do famoso refrão. As moças
entraram na justiça contra a compositora de mais esse
mega-sucessos-a- jato. Quem vencerá essa batalha?
Bem,
como vimos, exemplos não faltam. O Brasil já saiu a galope no lombo
da “éguinha pocotó”, se contorceu junto com a “lacraia” e
admirou mulheres com formato e alcunha de frutas. Caso você também
queira se tornar uma sub-celebridade instantânea, basta escolher nas
inúmeras prateleiras à sua disposição qual a modalidade a que vai
se submeter. Depois, é só se expor bastante e torcer pela
proliferação da falta de assunto generalizada. Afinal, vivemos num
país em que tudo já foi resolvido, principalmente a educação.
Agora é só se divertir.
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