Notas Singelas



Um som corta o árido cotidiano da nossa cidade.

Em meio à agitação, aos passos apressados surgem notas singelas que vão ganhando forma, vida. E, então, uma melodia conhecida e agradável aos ouvidos toma conta do espaço e ecoa pelos quatro cantos.

Anônimos de todas as idades, sexo e cor por um breve momento nos brindam com toques de sensibilidade e arte. Tornam os apressados mais leves e atentos. Os que têm tempo param para ouvir e observar.

E toda a atmosfera ao redor se transforma por meio de mãos desconhecidas que alegram uma parte do dia dos que por ali passam. Músicas que tocam o coração, resgatam lembranças, afloram sensações.

Esses raros momentos acontecem, vez ou outra, em determinadas estações do metrô paulistano. Onde pessoas comuns, por alguns instantes, emprestam um pouco do seu talento sentando-se ao piano e pondo-se a tocá-lo para tantos milhares de estranhos que por ali passam, que vão e vem para os mais variados destinos.

Curioso... um local onde circulam tantas e diversas pessoas consegue-se perceber que, felizmente, muita gente simples (ao contrário do que tentam nos convencer) sabe tocar os clássicos ao piano. E outro tanto dessa gente simples sabe apreciar, gosta de ouvir.
Piano na estação Luz do metrô


Nesse placar temos 10 a 0 para o bom gosto popular, contra os ritmos popularescos do momento; azar do pancadão, do “sertanejo” universitário, dos pagodes melosos e dos forrós de inferninhos. Nas mãos e ouvidos dessas pessoas, o mau gosto não tem vez. Graças ao céu!

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