Assim caminha (ou não) a humanidade

Quando nascemos ele está lá, pronto para nos acolher e nos levar com ele por toda a nossa vida. Alguns dão de ombros, passam ao largo e vivem seus primeiros anos de vida longe de sua supervisão direta.

Na fase escolar, ele está ali, olhando para ou por você, depende do lado que você está.

Mas quando crescemos e alcançamos a vida adulta não há como escapar; lá está ele – de braços abertos, sorridente – pronto para nos envolver e nos acompanhar até a hora do descanso eterno.

Há dois lugares que são a sua morada predileta: a empresa onde se trabalha – a maior parte delas – e nas esferas públicas (serviços, órgãos, repartições...). Mas atualmente ele faz hora extra e podemos encontrá-lo em outros lugares-chave da sociedade: alguns tipos de “entretenimento”, mídias, corporações, instituições financeiras e outros mais.

Em se tratando de uma pessoa resignada, você irá se acostumar com a sua presença constante e vigilante. Passado um tempo, vai começar a gostar dele e achar que sua abrangência e interferência em todo e qualquer setor e/ou assunto da sua vida é uma coisa absolutamente normal. Em alguns anos será inseparável, indissolúvel parte de sua existência, você irá dormir e acordar com ele; abraçá-lo, levá-lo para sua cama; dormirá e acordará com ele. Na verdade, não conseguirá mais viver sem ele!





Já os alienados passarão a vida inteira com ele ao seu lado sem perceber; talvez até vá dormir e acordar com ele (também!), mas nem se dará conta. Neste caso, trata-se de uma estranha mistura de distração das coisas do cotidiano com a perversa sutileza “dele”.


Porém, há aqueles que não suportam sua companhia, não querem que suas vidas sejam invadidas por ele e tentam, na medida do possível, deixá-lo do lado de fora da sua casa, dos seus afazeres, dos seus gostos e escolhas, das suas idéias e pensamentos, da sua família; enfim, da sua existência. Não é fácil, pelo contrário, é uma luta diária, pois ele busca subterfúgios, cria armadilhas, envolve os que cercam os resistentes, tenta convertê-los.

Essa resistência tem um preço extremamente alto e nem todos estão dispostos a pagar. Pois resistir a ele, significa estar fora, à margem; isso mesmo, os que resistem são marginais. E quantas pessoas querem, aceitam ou convivem bem com a questão de ser um marginal?

Ah, meu Deus, você deve estar se perguntando, quem é ele afinal?! Desculpe caro leitor a minha distração. É que ele já é tão íntimo de todos e mesmo os que resistem o conhecem muito bem (e por isso resistem!). E quem mais poderia querer estar enfronhado até as nossas vísceras senão o próprio, o todo-poderoso SISTEMA.

Resignado-amante, alienado-conviva ou marginal-resistente, em que categoria você se enquadra? Cuidado! Ele está de olho em você...

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