Dia a dia
Após sair do coletivo, quase aos tropeços, toma fôlego, ajeita a bolsa e segue seu rumo.
Os passos apressados buscam espaços em meio a pés, sacolas, caixas, degraus, mochilas, calçadas, gentes... Olhos à frente, ao redor, no relógio.
Centenas e centenas de pessoas por todos os lados: apressadas, atrasadas, lentas, ligadas, distraídas...
Desvia de mais um zumbi, com os olhos fixos na tela e andar robotizado. Eles parecem se multiplicar como em um filme de terror! Insistem em estar por todas as partes, travando os caminhos que seguem sem se dar conta; o corpo se move, autômato, e os leva instintivamente a todas os lugares. Suas almas já foram sugadas pelos dispositivos; não há mais o que fazer...
À essa altura alcança o corredor infinito de ambulantes que disputam cada centímetro de caçada com os pedestres. Desvia daqui, virá pra acolá...
Quase chegando ao seu destino, ainda precisa alcançar uma escada, passar pelas cancelas que dão acesso à entrada, percorrer o imenso hall e pegar o elevador.
Uhhh, chegou na próxima etapa! Agora é subir mais dois lances de escadas, percorrer enormes corredores para, depois de sua jornada cumprida, fazer o caminho de volta.
Mas está tudo bem. Amanhã é um novo dia e tudo vai se repetir.
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