Ser diferente, para quê?!



Vivemos um tempo em que a aparência é tudo: como e o que se veste, a marca e modelo do carro, do celular... Os lugares que se frequenta, suas postagens nas redes sociais. Tudo catalogado, contabilizado e formatado.
Há um padrão preestabelecido que precisa ser seguido (à risca) para que o estado geral de normalidade e conformidade não seja violado. É preciso se comportar dentro das normas vigentes, estipuladas para cada categoria de indivíduo. Cabe à pessoa encontrar a sua e se enquadrar nas tais normas. Sem direito a mudanças posteriores. Uma vez reconhecido e catalogado, não se abandona seu rótulo.
As roupas estão disponíveis para que todos tenham acesso; logo, vistam-se iguais. E, de preferência, com peças beeem justas, do tipo embalagem a vácuo.
Cabelos, barbas, acessórios... iguais.
Gestos, poses, posturas, posições, PENSAMENTOS... igualmente iguais.
Não pense fora da caixa! Pelo amor de Deus! Não saía da caixa!!
Consuma o que todos consomem. Diga o que todos dizem sobre os assuntos do momento.



Quem quer ser patrulhado, exposto por ser diferente? Aliás, qual é a graça em ser diferente?! Todos fazendo tudo igual, formando seus pares, seus grupos, os afins. Que sujeito, se não um insano, há de querer se vestir de forma que não seja igual aos outros? Ter um comportamento fora do padrão? Ou pior, pensar e analisar por conta própria?!
Quem em sua sã consciência faria uma bobagem dessas?! Ser rechaçado pelo mundo para provar o quê?! 
Qual é o objetivo de se sentir desconfortável ao emitir uma opinião balizada (porém não igual a da maioria) sobre uma questão que já é consenso? Principalmente se foi largamente difundida na rede!
Mas que ser humano mais chato é esse que acha que deve questionar alguma coisa, ter personalidade própria, individualidade! Que insistência patética querer se distinguir da massa!
Chamar a atenção para si só é possível dentro dos casos já preestabelecidos pelas normas vigentes tais como: estados de "periguetismo" avançado, vexames com bebedeira e falta de educação e elegância extremas. Entram, também, na lista as barbaridades no trânsito, as grosserias no transporte público, gritar ao celular para que a humanidade inteira consiga escutar o que se está falando, ofender as pessoas pelas redes sociais, usando como desculpa a liberdade de expressão, entre outras formas – largamente usadas e comuns – de jogar os holofotes sobre si.
Não, por favor, não me venha com essa de querer se sobressair pela inteligência, ponderação, por ter estilo, ser racional, educado... isso não é necessário! De modo algum!!! Além de ser trabalhoso, quem vai dar ouvidos a esse tipo de mala? Criatura mais desagradável que insiste em sair do padrão!
Viva o senso comum! Ele nos livra do apedrejamento público e nos redime da insolência de pensarmos por conta própria. 
Enquadre-se enquanto é tempo. Encontre sua categoria, incorpore-a à sua vida e siga.
Não conteste; não analise; não pesquise; não veja todos os lados...
Seja como todos, pertença, seja popular. Identidade líquida, moldada, fluída. Seja como todos: seja ninguém!





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