Primavera Tupiniquim







É incrível como o país atravessa a maior crise da sua história recente e é como se nada estivesse acontecendo.
Temos de um lado, uma grande parte da população totalmente insatisfeita, cujo grito "fora Temer" é abafado todos os dias pelos principais veículos de comunicação, dando a impressão à outra parte da população que, encontra-se em estado de total letargia, de que tudo está como deveria e se não há nada a fazer, vamos tocando as nossas vidinhas pobrinhas, trabalhando para tornar cada vez mais rico 1% da casta nacional, que detém 70% de todo o PIB (sim, 70%!), enquanto nós, os 99%, "o resto" (?) ficamos com os 30% que sobram. Claro que esta casta luta e trabalha dia e noite para aumentar um pouco mais e quem sabe conseguir obter 85, 90%...
O mais infeliz dessa situação é que esse quadro é o mesmo desde sempre; desde que Pindorama  passou a se chamar Brasil, há mais de 500 anos.
De lá para cá, qualquer evolução ou progresso, é mera aparência, para escamotear para a corte, para o Imperador,  "para inglês ver", para acalmar os investidores... Nunca pelo povo, pelo real crescimento da nação, ou pelo bem do país.
Ainda somos a colônia exótica que produz riquezas para serem usurpadas, saqueadas, exploradas...
Todos os dias, vendam nossos olhos, tampam nossos ouvidos, amordaçam nossas opiniões, de maneira sutil e eficiente, com doses de alucinógenos dos mais variados tipos e para todos os gostos. Da morte integral da educação dentro de casa e nas instituições de ensino; da fé cega, ditada pelo mercantilismo, no qual tudo se consegue se você pagar e souber "negociar" com Deus; passando por entretenimentos popularescos vulgares e de mal gosto travestidos de músicas, novelas, programas de auditório etc., chegando até uma camada da sociedade, cuja cegueira faz crer que é privilegiada, rica e que questões sociais é coisa de comunista; adora o "estrangeiro", mas ter direito à saúde pública é coisa de pobre...  Não percebem que para manter seu estado de cegueira, disfarçado de vida mega legal classe A, trabalha 12, 14 horas, muitas vezes sem direito trabalhista algum (para quê? Isso vai acabar mesmo...), financia seu carrão zero a perder de vista, com juros abusivos, paga um absurdo de condomínio para ter o auto engano de que seu terraço gourmet é mais seguro que a laje da periferia. Essa classe cega sonha que é rica, mas de fato, nada mais é do que o escudo da casta milionária deste país.
Servindo de mão de obra qualificada a preço de banana e formadora de opiniões que alimentam o sistema, levando tais opiniões até os demais, por meio dos veículos de comunicação, pelas redes sociais, ou até mesmo por fake News.
O ultrajante dessa situação é que aqueles que a enxergam com clareza não tem a força necessária e nem a voz para despertar a gigantesca massa que está nesse estado de letargia. Diziam nos protestos de 13 que o gigante havia despertado... verdade?! Onde está esse gigante nesse exato momento?
O país se desintegra diante dos nossos olhos atônitos ao telejornal, com suas matérias tendenciosas, dando voz aos corruptos que se defendem com um cinismo "nunca antes visto na história do Brasil", uso h, pois as notas de defesa dessa corja não passam de histórias da Carochinha.
Em 2013, vimos as pessoas irem às ruas nos dando a falsa impressão de que havia um movimento e uma vontade popular.
Passados pouco mais de quatro anos, fica evidente que mais uma vez tudo não passou de uma orquestração para acomodar novos interesses que já não cabiam na estrutura vigente à época.
Temos no poder um presidente no qual o índice de desconfiança chega a 92%!
Essa é a vontade popular? Ter um ser que não passa a menor confiança como o chefe da nação? Este senhor está mais para chefe da quadrilha!
Seria preciso no Brasil um  movimento semelhante ao da Primavera Árabe, iniciada na Tunísia, no final de 2010 e que ecoou pelos países árabes, como a Líbia, Síria, Argélia e o Egito. O descontentamento e a revolta eram tão grandes que a população desses países desafiaram os regimes ditatoriais por melhores condições políticas e de vida.
Pois bem, estamos na Primavera, a condição política do Brasil é a pior desde de a dita redemocratização; economia estagnada; os gastos públicos na estratosfera... E o que dizer do mal caratismo dos corruptos que com seus dedos podres em riste, juram inocência, dizendo ser cidadãos de honra ilibada;  ainda que contra eles pesem provas contundentes, traduzidas em malas de dinheiro, gravações e encontros sórdidos para acerto de propinas.
Não devemos esperar que alguém ateie fogo ao próprio corpo, pelo desespero de ser acharcado pelo Estado, a tal ponto que não reste outra saída, como fez Mohamed Bouazizi, situação estopim da Primavera Árabe.
A guerra disfarçada que a violência e o crime travam todos os dias nas grandes cidades, principalmente no Rio de Janeiro, já traz vítimas incontáveis.
Não precisamos de um mártir, precisamos de atitude! Até quando o brasileiro irá direcionar a sua frustração para o seu próprio irmão? Tanta revolta e indignação para ser despejada em forma de agressividade no trânsito, nos transportes públicos, nos atendimentos, contra os indefesos, enquanto bandidos disfarçados de políticos, comem, bebem e roubam às nossas custas e a grande mobilização não acontece.
Até quando viveremos nessa ditadura disfarçada de democracia, sim porque sejamos claros, se buscarmos a definição de democracia no dicionário encontraremos o seguinte: ”1- Governo do povo; soberania popular; democratismo. 2-Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder.” (Aurélio).
Lá no falecido (assassinado) primário, hoje ensino fundamental, eu aprendi que democracia “É o governo do povo, para o povo, pelo povo".
Então pergunto: que democracia é essa, na qual  o povo só é convidado, OBRIGATORIAMENTE, a participar de 4 em 4 anos para votar e validar a nova quadrilha que vai se estabelecer no poder, beneficiando com negociatas os que financiaram suas campanhas, virando as costas a todas as necessidades e anseios da população?
Passou da hora de dar um basta, mover nossa revolta para o alvo correto e fazer valer o sentido da palavra e de viver realmente em uma democracia; Ou deixe pra lá de uma vez por todas, até que chegue ao ponto de estar se vivendo em lugar algum; e que vida será essa?!

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