Vamos “Caetanear”!




Sexta-feira, mais de 10 da noite... Depois de uma conversa instrutiva sobre Machiavelli, suas obras (não só no campo da literatura, mas também das ciências) e a distorção de “O Príncipe”, que nunca li por um enorme preconceito (confesso!), justamente por ser o livro de cabeceira de muitos péssimos políticos que usaram a referida obra para ajustá-la às suas conveniências.
Um calor insuportável. Vou mastigando um sanduíche de pressuito crudo e formaggio emmental e saboreando uma taça de vinho ao som das pessoas que saem da missa na catedral vizinha.
Tantos pensamentos... estar aqui, Machiavelli que não era ‘maquiavélico’, mas sim o que fizeram com sua obra!
O calor que só aumenta; afinal, o verão está chegando... E ao fundo uma rádio na internet que só toca MPB.
Mais uma mordida no sanduíche, mais um gole de vinho... as mensagens sessam e, por isso, pude prestar atenção na música que tocava naquele momento, ouvia a voz de Caetano; coisa boa! Todos os dias ouço a minha dose diária – e necessária – de MPB, mas há quase 20 dias aqui, do outro lado do oceano, me dei conta de que ainda não tinha ouvido nenhuma de suas canções. E nesse momento sua voz mansa penetrou os meus ouvidos e me tomou por completo seu violão, sua melodia, sua resistência em um país que está de joelhos para tudo aquilo que parecia estar distante, mas não estava...
E nesses poucos minutos, Caetano fez a ponte aérea Brasil/Vêneto suave e forte, como ele sempre foi, é e será.

Reprodução: Instagran

Foram lançadas tantas coisas em minha mente, me remeteram a lembranças; emoções diversas... não imaginava que ouvi-lo assim sem esperar, sem querer ia me causar todas essas reações, tantas, diversas e fortes que estou aqui com caneta e caderno nas mãos escrevendo esta crônica, deixando de lado o sanduíche e o vinho inacabados.
Pois ouvir Caetano me fez capaz de escrever, coisa que não fazia há um tempo – pela correria e o turbilhão de coisas pelas quais passei e estou passando. Mas sua música me fez sair do transe das eternas coisas a se resolver, para o transe da alma-arte que me alimenta, me sustenta e não me faz ser quem sou.
Escutar Caetano Veloso é sempre bom, mas nunca foi tão bom! Não era um dos seus muitos hits, era mais um lado B, suave, etéreo... Me desculpem, mas a emoção pela qual fui tomada me impede de lembrar o nome da canção ou se quer escrever aqui um pedaço da letra...
Não se pode ter tudo. Fui abençoada por ouvi-lo e tê-lo como ponto de partida para esse texto, mas não me recordo da canção...
Como tudo na vida tem o seu preço, esse eu pago sem reclamar. Hoje o que me importa é “Caetanear”!



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