Dos caminhos, descaminhos e recaminhos

 Não escrevo nada há meses, é verdade, mas este título ronda os meus pensamentos faz um tempo. Confesso que não sabia por onde começar, mas com a chegada do final do ano e o famoso "balanço", esse tema começou a se desenhar.

Esse foi mais um ano no qual tivemos que sorrir com os olhos, exercitar (por demais!) a paciência e a perseverança; Os abraços ainda raros, escassos... O mundo ainda demonstrando que, em muitas circunstâncias, os interesses de poucos prevalecem sobre as necessidades de muitos e, assim, não caminha a humanidade...

Se pudesse definir esse ano em uma única palavra seria boomerang. Sim, um ano de avanços em alguns pontos, já, em e outros, o que parecia ir adiante, retornava; algumas situações se conseguia reverter, pegar o boomerang, outras, ele te acertava!

Pessoalmente, digo que foi um ano de caminhos traçados, percorridos – em partes – em outras, fechados, trancados... Aparentemente, um sinal verde: Siga! Porém, mais à frente, Pare, recue! Via sem saída.... Em 2021, foi preciso muito mais do que querer e, confesso, muito mais do que planejar e fazer, foi preciso perseverar, levantar inúmeras vezes, chacoalhar a poeira, erguer a cabeça e replanejar. Largar os descaminhos, buscar novos rumos, não se abater com as derrotas e acreditar no melhor, ainda quando tudo parecia piorar...

Um ano ambíguo, de perdas de pessoas amigas que se foram (vítimas do vírus), de perdas materiais, mas também de conquistas memoráveis; E, sobretudo, um ano de esperas, de grandes pausas. Ainda assim, foi também o ano de decidir pegar uma estrada rumo ao desconhecido, com uma neblina espessa, cujos quilômetros seguintes não se sabia o que encontrar e seguir adiante com firmeza e cautela era (e foi) o melhor a se fazer.

2021 trouxe um grande ensinamento: que, por vezes, "desconhecidos" podem ser anjos que surgem para auxiliar nos momentos-chave, estendendo a mão, se importando e mostrando que ainda há empatia e bondade nesse mundo louco. E, assim, alguns deles tornam-se amigos e seguem a caminhada conosco; outros são pessoas especiais que marcam a nossa passagem pelas estradas sinuosas e ganham um lugar de afeto em nosso coração. Também aprendi que pessoas próximas, que "te estimam tanto", podem decepcionar sistematicamente,  se revelando egoístas, interesseiras, egocêntricas ou indiferentes...  E mais uma vez a vida ensina que de onde menos se espera podem vir as grandes surpresas, seja para o bem, ou para o mal.

Entre os caminhos planejados, os percalços e descaminhos foi preciso ter a força, a clareza e a humildade de escolher o recaminho para chegar a um novo ponto de partida: a vida nova, afinal!

Foto: acervo pessoal

Claro que ainda não é o fim, pois o que é a vida se não uma sucessão de caminhos? A longa jornada que traçamos, ou somos lançados, empurrados... ou, em algumas ocasiões, permanecemos por um tempo empacados, estanques... Enfim, enquanto houver vida e forças há e sempre haverá caminhos para escolher, percorrer, descaminhos para mudar ou recuar e recaminhos para tornar e recomeçar. Que assim seja!

E que o próximo ano nos traga novos, prósperos e melhores caminhos. Sejamos todos muito felizes, pois como diz a canção: “Deus é a vontade de estar feliz”.

 

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