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Não vou!

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Quando eu sair  Não me peça Para vestir fantasias Muito menos por máscaras Não me dispo da espontaneidade Não peça para deixar na gaveta Quem sou! Se for para ir sem mim Eu não vou! Quero estar todo momento Em todo canto Comigo: limpa e verdadeira Não peço licença para entrar E ser eu mesma Esse mundo-Matrix exige máscaras Personas... Alegrias artificiais... O vazio que preenche as superfícies Rasas, vagas, dispersas... Com opiniões prontas Sem espaços para dúvidas, para ouvir, aprender, Não sou! Então, não me chame... Para ser quem não sou Eu não vou! Fico comigo O melhor lugar é dentro de si Quando real e de face à mostra “Fashionices” vestem o corpo Espontaneidade reveste a alma Essa é quem sou:  Carrego comigo Verdades, virtudes, defeitos... Se quiser,  É assim que eu vou!

Para onde foram os afetos?

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As redes sociais encurtam distâncias; muitas vezes trazem novidades em tempo real, possibilitam que vários amigos simultaneamente (ou quase) interajam, troquem experiências, compartilhem opiniões. É também palco para expressões de todos os gostos e tipos. O que, por vezes, gera conflitos, visões divergentes e distorcidas sobre assuntos banais ou polêmicos. Há histórias comoventes, vídeos engraçados, memes super criativas, Como também um sem fim de bobagens e coisas sem a menor relevância. Tudo fica ao gosto do freguês e da rede de amigos que cada um alimenta. Nesse emaranhado de posts, fotos, vídeos e desabafos de toda a sorte, há espaço para mensagens religiosas de vários tipos e credos; bom dia; boa tarde; boa noite; bom final de semana; dia daqueles que só levantam de um lado da cama; dia do canhoto; dia da cor; do dente do siso e um vasto calendário que a maioria de nós desconhecia completamente até as redes sociais se aboletarem em nossas vidas. Não podemos nos esquece

Um pouco do passado

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Estou precisando de um pouco do gosto do passado Os cheiros da infância O sabor da comida das minhas avós As coisas que me eram tão caras A inocência de criança perdida com os anos A natureza que não mais se vê: Vagalumes, borboletas, joaninhas... O som do canto dos pássaros Os moleques brincando na rua, Eu brincando na rua! A carrocinha  de algodão doce, o sorveteiro, A raspadinha e a maçã do amor Sinto falta do tempo em que havia: Respeito por todos, nas mínimas coisas; Olho no olho; cara a cara; Verdades sem milindres; Sentimentos reais, sem vitrines  virtuais; Pessoas com pensamentos próprios; A palavra dada valia mais do que qualquer fortuna! Quero a época em que a simplicidade encantava Amigos reunidos, rindo em uma conversa casual O abraço carinhoso, sem nenhuma intenção Onde não havia espaços para agressividades gratuitas Disfarçadas de direitos, miltâncias vazias, Pseudo liberdades de expressão, Ou a hipocrisia disfarçada de politicamente correto Q

Indignidades

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Indignação, Indignação, Indignação, Indignação, Indignação: morte de Teori Zavaski ... Indignação, Indignação, Indignação, Indignação, Indignação: grafites apagados ... Indignação, Indignação, Indignação, Indignação, Indignação: presídios em Manaus e Rio Grande do Norte ... Indignação, Indignação, Indignação, Indignação, Indignação: posse e discurso de Trump ... Indignação, Indignação, Indignação, Indignação, Indignação: surto de febre amarela e malária ... Indignação: palavra, sentimentos gerados … Que sublimem, elevem, superem, se transformem : em novo, nobre,   B om . Até lá... só me resta IN- DIG- NA- ÇÃO !!!

A impermanência das coisas

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O que me assusta na passagem do tempo, não é o fato de ficar mais velha. Afinal, isso é algo sobre o qual não temos controle; além disso, acredito que só envelhecemos quando permitimos, digo no sentido de nos tornarmos ultrapassados para nós mesmos, de sermos incapazes de querer e fazer algo novo, de nos reiventarmos. E não de intervenções cirúrgicas, roupas, cabelos e atitudes que não tem a ver com a idade de cada um. Mas o que me aflige no correr do tempo é a sua velocidade (cada vez maior), inversamente proporcional à minha capacidade de realizar e fazer tudo o que planejo, quero é necessito. Além de ver que dia-a-dia, o cotidiano pode se perder, como se não tivesse existido. Dia desses, passei em frente à farmácia próxima à minha casa - que já estava fechada há alguns meses, devido à crise, algumas lojas da rede foram desativadas, - e vi que tudo o que restou da edificação foram escombros... Fiquei chateada, pois era um estabelecimento onde os funcionários te conheciam, p

Verbo versos

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Solto o verbo, Versos...  Calo, paro  Engulo Auto-censura Quero dizer, Digo (?) Calo, paro Engulo Dentes apertados Sem verbalizar,   Não dizer  Ausência de pensar...  Transito entre quereres e não saberes  Indefinições parecem infinitas Perecem o tempo da tranquilidade  Que há muito se afastou Tento inutilmente alcançá-la Mais um dia se foi... Prova que as incertezas  São as coisas mais certas  Solto o verbo  Escrevo Não paro, fluo  Disparo Libero Penso, palavras  Prosa, poesia... Desprende Expresso  Posso!

Ser diferente, para quê?!

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Vivemos um tempo em que a aparência é tudo: como e o que se veste, a marca e modelo do carro, do celular... Os lugares que se frequenta, suas postagens nas redes sociais. Tudo catalogado, contabilizado e formatado. Há um padrão preestabelecido que precisa ser seguido (à risca) para que o estado geral de normalidade e conformidade não seja violado. É preciso se comportar dentro das normas vigentes, estipuladas para cada categoria de indivíduo. Cabe à pessoa encontrar a sua e se enquadrar nas tais normas. Sem direito a mudanças posteriores. Uma vez reconhecido e catalogado, não se abandona seu rótulo. As roupas estão disponíveis para que todos tenham acesso; logo, vistam-se iguais. E, de preferência, com peças beeem justas, do tipo embalagem a vácuo. Cabelos, barbas, acessórios... iguais. Gestos, poses, posturas, posições, PENSAMENTOS... igualmente iguais. Não pense fora da caixa! Pelo amor de Deus! Não saía da caixa!! Consuma o que todos consomem. Diga o que todos dizem s

Dia a dia

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Após sair do coletivo, quase aos tropeços, toma fôlego, ajeita a bolsa e segue seu rumo. Os passos apressados buscam espaços em meio a pés, sacolas, caixas, degraus, mochilas, calçadas, gentes... Olhos à frente, ao redor, no relógio. Centenas e centenas de pessoas por todos os lados: apressadas, atrasadas, lentas, ligadas, distraídas... Desvia de mais um zumbi, com os olhos fixos na tela e andar robotizado. Eles parecem se multiplicar como em um filme de terror! Insistem em estar por todas as partes, travando os caminhos que seguem sem se dar conta; o corpo se move, autômato, e os leva instintivamente a todas os lugares. Suas almas já foram sugadas pelos dispositivos; não há mais o que fazer... À essa altura alcança o corredor infinito de ambulantes  que disputam cada centímetro de caçada com os pedestres. Desvia daqui, virá pra acolá... Quase chegando ao seu destino, ainda precisa alcançar uma escada, passar pelas cancelas que dão acesso à entrada, percorrer o imenso hall e p

Amigos: na alegria e na tristeza...

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Para Edú Dias ( in memoriam ) Quando tive a ideia de escrever sobre essa crônica não havia me dado conta de que esse mês se comemora o Dia do amigo, 20 de julho. Na verdade, uma amiga mais que querida (presente em minha vida, apesar de um oceano de distância) havia me soprado o tema há algum tempo, mas só agora me veio o que dizer. Poderia tecer frases meigas e dóceis, falar só de coisas maravilhosas, saltear de corações e unicórnios esse texto sobre algo que considero lindo e raro: a amizade verdadeira. Contudo, para quem já está nos "enta", viu bastante coisa e passou por alguns bocados, prefiro expor a minha real percepção e experiência do que já vi e vivi. Costuma-se dizer que o verdadeiro amigo é aquele que está ao seu lado nos momentos de sucesso, pois consegue te ver bem e ficar feliz por suas conquistas. Em parte, concordo com essa afirmação, porém, – na minha modesta opinião – essa crença pode ser enganosa. Vajamos... É muito fácil e cômodo estar ao lado

Sonhos não envelhecem, mas temos que alimentá-los

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 Há alguns dias, uma amiga – profissional muito competente que está buscando recolocação no mercado, depois de um drástico corte na empresa onde atuava – me contou algo que lhe aconteceu e que me fez refletir sobre questões ligadas ao trabalho, tempo livre e nossos projetos e sonhos; o que me levou a escrever esse texto. Minha amiga leu a respeito de um parque temático, exclusivo para amantes de vinhos, que acaba de ser inaugurado na França. Como boa amante de vinhos, adorou a ideia (e confesso que eu também!), mais do que depressa compartilhou a notícia via WhatsApp com Cida, uma amiga apreciadora da bebida, com quem muitas vezes reúne as famílias para belos almoços regados a vinho. Entretanto, para a surpresa e decepção de minha amiga, Cida lhe respondeu que só nos sonhos poderia ir a Bordeaux visitar esse parque… Tentando não perder a graça, minha amiga ainda retrucou, dizendo “oui, oiu! Vamos, sim!”. E para derrubar de vez toda a empolgação, Cida responde a seguinte pérola

Brilhe!

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Dia desses, vendo a foto antiga de um conhecido e, depois comparando com uma atual, me deparei com algo que não havia me dado conta: nossa luz interior. Sim, aquele brilho que temos que vem de dentro para fora e que nos ilumina, como também tudo e todos ao nosso redor. Claro que alguém pode me dizer que entre uma foto e outra havia se passado quase vinte anos... Verdade, mas não me refiro às mudanças físicas que o tempo impõe a todos, a uns mais, a outros menos. Alguns perdem cabelos e ganham quilos; outros, começam a ter no rosto as marcas dos anos; os cabelos branqueando, as mulheres recorrendo com mais constância às tintas; o cansaço se torna mais frequente... Enfim, não se trata da passagem do tempo (que para alguns têm sido, muito, muito generoso!), tem a ver com o que cada um guarda em sua alma, no seu íntimo.  Aonde foi parar aquele brilho? Em que momento da vida de alguns de nós essa luz se perdeu? O que aconteceu para que ela se ofuscasse, ou pior, será que se apagou de