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Sucumbe

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País tropical asfaltado, verticalizado... Florestas sucumbem aos pastos; Trabalho sucumbe ao crime; Povo sucumbe ao poder... Terra rica e abundante (para alguns), Escassa e agonizante (para milhares): O tudo e o nada convivem lado a lado, Qual é o seu lado? Saber desprezado, dizimado, sucumbe ao ter  Ensina o consumo, consome o ensino (mero slogan...);  Consome a si até nada sobrar,  Até não sobrar ombros, lombos, mentes, mãos calejadas  Sustentam criminosos engravatados, empossados, empodeirados  Jogando, lucrando com destinos: Sociedade destruída, maltratada, mal educada;  Acabada!  País asfaltado, verticalizado, florestas são pastos;  Crime impera, povo sucumbe e consome;  Saber dizimado, consumo adorado... País que consome e consome e consome e consome e consome... E se consome, se consome, se consome, se consome ... Sucumbe, some...

City sitiada

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Pelas ruas sujeira e miséria. Caos do descaso; atraso ... Cidade rica, gente pobre Grandeza para o bem e para o mal Cidade que nunca pára agora anda em marcha lenta; atraso Cultura e ignorância disputam espaços: queda de braços  História transformada em escombros  Sem piedade, sem lembranças  Verde soterrado pelo concreto; atraso  Mas tudo está bem, estamos salvos!  Mais uma faixa foi pintada... Atraso!

Labirinto

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Nesse labirinto me perco cerco, beco sem saída...  Entro, saio, paro, espero quero escapar! Falsas passagens levam para o nada Navego no seco, me perco  cerco, beco sem saída...  Volto ao mesmo ponto, tonta quero escapar! Pés presos, imóveis caminham sem chegar Labirinto insano, me perco cerco, beco sem saída... Falta o ar, respiro, transpiro quero escapar! Sem horizonte, ando, estanco vou a lugar algum Rodopio nas incertezas, me perco cerco, beco sem saída... Acertar o passo, a certeza, firmeza vou escapar!

Tudo o que nos faz

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Nós somos a soma de tudo o que vivemos de bom e ruim. Nossas alegrias e conquistas unem-se aos fracassos e tristezas para formar o que somos e pensamos. As decisões e atitudes que tomamos perante cada situação nos transformam pouco a pouco na pessoa que somos. Não se apaga e não se muda o que passou. Cabe a cada um a arte de transmutar o que não foi bom em aprendizado, ou carregar consigo esse fardo insuportável que, somado a outros, fará com que em algum momento a pessoa fique estagnada, sem forças para prosseguir sua jornada, tamanho o peso do acúmulo que carrega. Sorrir ou chorar; ficar ou partir; amar ou abandonar; enfrentar ou desistir faz parte da ciranda incessante do viver, na qual cada pessoa dança livremente ou é levada de um lado a outro. Ser feliz ou sofrer por tudo é uma questão do olhar: o ponto de vista de ser a vítima das circunstâncias ou o ator; aquele que age, reage, luta e supera suas dificuldades. Ou simplesmente transforma o olhar para enxergar o belo e o me

Muito mais que pior

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Quando eu era pequena e falava "mais ruim", ou, "mais pior" imediatamente me corrigiam dizendo que não se aplicava mais a essas palavras   (veja regra) , talvez porque quando criança as coisas no Brasil não pudessem mesmo ser piores: estávamos em uma ditadura, o mundo dividido entre comunistas e capitalistas; bem e mal; certo e errado; "mocinhos e vilões". Sabia-se, claramente, - de acordo com o lado em que se estava - quem era o inimigo. Atualmente, nesses anos 10, do século 21, posso dizer que, apesar das regras da nossa amada língua (que eu respeito muito), o mais do mais ruim existe, sim! Vivemos em uma época de total cinismo e falta de comprometimento. Seu inimigo pode ser aquele político que você acreditou em suas propostas e deu seu voto a ele e quando chegou ao poder traiu a todos para defender seus próprios interesses – e de seus parceiros – roubando, aumentando o salário dele e os impostos seus, legislando em causa própria, enganando e ped

Não atire a primeira pedra!

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Sabe aquela história da pedra que, quando jogada no lago, suas ondas vão se propagando e propagando? Pois então, o mesmo acontece com a gentileza ou com a agressividade. Quando iniciado o processo – e toca alguém – tal processo tende a reverberar e reverberar e reverberar. Vivi algo do tipo recentemente. Ao encarar uma fila enorme no metrô para carregar o bilhete, vejo que próximo ao guichê, sentados no chão, estão dois meninos: um de 7 ou 8 anos de idade; e outro com aproximadamente 10, tinha umas mechinhas louras (caseiras) no topinho da cabeça; essas modinhas de jogador de futebol ou pagodeiro. Vendo aqueles dois, uma única indagação me ocorreu: o porquê da mãe deixar as crianças sentadas naquele chão sujo... Mas para meu espanto, a mãe não estava na fila; ela não estava ali! Só me dei conta do fato, à medida que me aproximei dos moleques e vi que pediam, a cada pessoa que chegava ao guichê, para lhes dar uma moeda. Tal fato me fez perguntar que tipo de pais (pais?!) abandonam seu

Passagem do Ano

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 (Carlos Drummond de Andrade) O último dia do ano não é o último dia do tempo. Outros dias virão e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida. Beijarás bocas, rasgarás papéis, farás viagens e tantas celebrações de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com [sinfonia e coral Que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor, os irreparáveis uivos do lobo, na solidão. O último dia do tempo não é o último dia de tudo. Fica sempre uma franja de vida onde se sentam dois homens. Um homem e seu contrário, uma mulher e seu pé, um corpo e sua memória, um olho e seu brilho, uma voz e seu eco, e quem sabe até se Deus... Recebe com simplicidade este presente do acaso. Mereceste viver mais um ano. Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos. Teu pai morreu, teu avô também. Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a

Bexigas

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A coisa mais interessante que vi na black friday foi um coletivo de bexigas amarelas e pretas, dessas que enfeitam festas de aniversário de crianças, passeando por uma rua movimentada da zona norte. Verdade! Rolavam animadas pela calçada, passeando entre os pedestres! Estava eu parada em frente a uma livraria, próxima a um ponto de ônibus, quando as vejo "caminhando" saltitantes. Passam rente à ponta do cigarro de uma moça que estava no ponto esperando o ônibus... Escapam ilesas e seguem ziguezagueando entre a calça e a guia, não se importando muito com os carros que passam bem perto delas. Sigo as bexigas com os olhos, preocupada que algum carro pudesse acertá-las – como se fossem crianças brincando no passeio público – afinal, eram apenas balões cheios de ar! Mas acredite tinham mais vida e espontaneidade do que os zumbis que entravam, se acotovelavam, ou ficavam estáticos em frente às vitrines das lojas. De repente, sem cerimônia, elas atravessam a rua (como se soubess

Sol, saxofone, gentilezas

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Hoje parei num farol e apareceu um rapaz tocando saxofone (tocava Anunciação, do Alceu Valença), debaixo de um de 30 graus! Quando ele terminou, eu aplaudi e sorri, fazendo um gesto de que não tinha trocado... Ele me sorriu de volta, agradecendo o aplauso e fazendo um coração com as mãos. Pois é, mais do que grana no bolso (todos temos contas para pagar...), nós precisamos de GENTILEZAS!

Entre ônibus, odores e o Bem-estar

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Posso dizer que essa semana vivi um dia, no mínimo, peculiar. Depois de dois ônibus – ainda bem – com trajetos rápidos, porém, de viagens maçantes a estressantes. No primeiro, o motorista tinha um rádio sintonizado numa estação religiosa, cujas músicas de letras inaudíveis (por conta de todos os outros sons no entorno: buzinas, motores, trânsito, portas do ônibus que se abrem e se fecham...), permeava o seu bate-papo animado e ambíguo com um passageiro, nascido no Rio Grande do Sul e, segundo o seu relato, conhecedor do passado da President'a no período em que residiu no Sul. De fato, a conversa dos dois era tão confusa, quanto as músicas que tentavam inutilmente cantar alguma mensagem de fé... Confesso que cheguei ao ponto final sem entender se eram contra ou a favor do governo atual; ora, eu ouvia "porque toda essa corrupção que ta aí...” Ou, "A Dilma bagunçou muito em Porto Alegre..." e ora ouvia: "eu não tenho do que me queixar, estou muito bem nesses

Silêncio

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(Edgar Allan Poe) Há qualidades incorpóreas, de existência dupla, nas quais segunda vida se produz, como a entidade dual de matéria e da luz, de que o sólido e a sombra espelham a evidência. Há, pois, duplo silêncio; o do mar e o da praia, Do corpo e da alma; um, mora em deserta região que erva recente cubra e onde, solene, o atraia lastimoso saber; onde a recordação o dispa de terror; seu nome e “nunca mais”; é o silêncio corpóreo. A esse, não temais! Nenhum poder do mal ele tem. Mas, se uma hora um destino precoce (oh, destinos fatais!) vos levar às regiões soturnas, que apavora sua sombra, elfo sem nome, ali onde humana palma jamais pisou, a Deus recomendai vossa alma!