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Vivenciar os opostos

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Semanas atrás assisti a uma palestra que abordava os sucessos e fracassos vistos sob uma ótica diferente. Entre as diversas coisas interessantes que ouvi, uma expressão me chamou a atenção: vivenciar os opostos. Nesse contexto, vivenciar os opostos significa conseguir entender melhor a própria condição, dar valor à vida e ao que acontece a cada dia, a cada segundo... Ver com outros olhos os momentos dolorosos e saber que precisamos (de alguma forma) de tais circunstâncias para podermos apreciar os momentos de alegria. Repousar na doença para dar valor à saúde. Aproveitar a solidão para se fazer companhia e se conhecer melhor. Na falta de dinheiro, aprender a valorizar o que realmente importa. Tudo em nossa vida opera com os opostos: dever e prazer; dia e noite; trabalho e descanso; amor e ódio; alegria e dor; felicidade e tristeza; o belo e o feio. Enfim, dualidades mil que nos rodeiam e que fazem parte de nós mesmos e de nossas vidas. E é a nossa natureza – eternamente insatis

Direto do túnel do tempo

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Crônicas publicadas no jornal Correio Paulista, de Osasco: Ah, por que fui escutar o que mamãe dizia?... Andy Warhol, mestre da Arte Pop, disse que no futuro todos teriam os seus quinze minutos de fama. Profecia ou não, Andy estava certo. Temos hoje uma verdadeira enxurrada de “ilustres desconhecidos” que em nome da fama e (da grana) topam, literalmente, TUDO. Doce ingenuidade a minha... menina obediente que eu só, fui seguir o conselho de mamãe: “Minha filha, estude. Só o estudo garante um bom futuro, uma profissão e dinheiro.” Devo admitir que na época em que minha amada mãe me dava este sábio e precioso conselho tudo fazia sentido para mim. Afinal, minha geração é fruto de mulheres que lutaram pela igualdade de direitos, trabalho, respeito, abaixo às Amélias, etc., etc. e etc... Vejam só, trinta e poucos anos depois o que as mulheres se tornaram? Objeto. Sim, objeto no mais vil sentido da palavra. Produto comercial mesmo; descartável. A gostosona do anúncio de cervej

S.O.S para meus tímpanos!

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O fato de estar há mais de um mês sem postar absolutamente uma letra, sequer, deve-se a um fato nada agradável: tomo café da manhã e termino o meu expediente ao som ensurdecedor (e enlouquecedor) de uma persistente britadeira. Isso mesmo, a malvada começa a britar por volta das 8h30 da manhã e, na maioria dos dias, só pára às 17 horas. Enquanto tento - com muita insistência - escrever esse desabafo, a maldita máquina está lá fora sem pausa num barulho infernal... Essa tortura já se estende há pouco mais de um mês e ninguém sabe até quando o suplício continuará. Tudo fica quase impossível: pensar, escrever, trabalhar. E falar ao telefone, um exercício de loucura: "hein?; como?; você pode repetir, por favor?; oi??!; fala mais alto!". Você deve estar se perguntando o que acontece. Explico: uma equipe de doutos operários, uns cinco ou seis (contando o mestre de obras); sim, existe um mestre de obras. Como eu ia dizendo, estes ilustres operários estão tentando consertar o mu

Ecos lógicos

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 Tentei não me incomodar com tantas contradições, mas foi impossível. Mais forte do que a minha vontade de me alienar (?) é, sem dúvida, a minha vontade de questionar. Como pode um país sediar um evento para discutir o futuro “sustentável” do planeta, se não consegue sequer olhar para o próprio umbigo e cuidar do seu quintal? É difícil ficar indiferente quando todos os noticiários (impressos, online, TV...) repercutiam a tão falada Rio + 20. Acho vergonhoso nosso Brasil querer falar de ecologia; Ops, desculpem a minha falha! Não se diz mais ecologia, agora se usa o termo sustentabilidade. Como se a mudança de palavras fizesse a alteração mais importante: a mentalidade de quem decide se preserva, ou não, os recursos naturais. Enfim, retomando, acho (no mínimo) curioso o Brasil posar de líder, de sede do evento e de país que tem e prática ações sustentáveis. Afinal, para usar uma expressão bem popular adaptada ao assunto, o buraco na camada de ozônio é bem mais em cima. Veja

Perdendo o controle

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Já reparou que ultimamente todo acidente absurdo (e triste) que vemos nos noticiários o motorista alega que “perdeu o controle do carro”? Pois é, todos os dias nos deparamos com notícias sobre atropelamentos, batidas e desastres de todos os tipos e o que mais ouvimos é que o motorista “perdeu o controle”... Na verdade, quem sai para as ruas nas grandes cidades do país – como pedestre ou motorista – percebe que todos perderam o controle há muito tempo. Os pedestres perderam o controle de esperar o farol ficar verde para atravessar; perderam o controle de atravessar na faixa, de esperar os carros pararem. Os motoristas então... Ah, estes estão num descontrole só... Estressados até nos finais de semana. Quando me refiro a motoristas, aqui, digo de carros de passeio, motociclistas, motoristas de táxi, caminhões e coletivos. Vejamos alguns exemplos básicos: Não conseguem controlar o desrespeito com os pedestres avançando o sinal vermelho, não parando para dar a preferência

Papel, caneta e recordações

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Dias atrás, precisei fazer umas trocas de móveis e chegou o momento fatal: limpar as gavetas! Algumas pessoas podem encarar essa tarefa como terapêutica, chata, ou ainda, uma forma de "organizar a vida interior"; enfim, psicologias à parte, arregacei as mangas e fui à luta. E posso dizer que para mim foi um gostoso mergulho no passado. Vasculhando caixas encontrei cartinhas de uma amiga do ginásio, pude ver ali um pouco dos momentos que passamos, nossas alegrias, paixões e até dúvidas e medos (imensos quando se tem 13, 14 anos...). Bilhetinhos da grande melhor amiga de adolescência e todas as nossas aventuras e paqueras. Cartões de Natal e aniversário de amigos que não vejo há séculos,  mas que marcaram épocas deliciosas da minha vida e, que lendo, tudo aquilo sei que também fui importante naquela fase de suas vidas. Tanta nostalgia, tantas frases carinhosas e criativas me transportaram a dias e a pessoas especiais (algumas delas até estão nas minhas páginas das redes soc

Poesias

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Um pouco de poesia, n ão    minha VULCÕES Florbela Espanca Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal Não tem a lividez sinistra da montanha Quando a noite a inunda dum manto sem igual De neve branca e fria onde o luar se banha. No entanto que fogo, que lavas, a montanha Oculta no seu seio de lividez fatal! Tudo é quente lá dentro... e que paixão tamanha A fria neve envolve em seu vestido ideal! No gelo da indiferença ocultam-se as paixões Como no gelo frio do cume da montanha Se oculta a lava quente do seio dos vulcões... Assim eu te falo alegre, friamente, Sem um tremor da voz, mal sabes tu que estranha Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente!

Faça a sua escolha!

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Imagine um hipermercado, dos bem completos, com inúmeras prateleiras e nelas houvesse uma variedade imensa de opções ao seu dispor. Não de produtos, nada disso. Escolha qual a grande sacada da sua vida para se tornar uma sub-celebridade instantânea! Isso mesmo, um vasto cardápio para encher seus olhos e te dar a oportunidade – única – de ter os 15 segundos de fama; sim, segundos, porque com a quantidade de pessoas disputando espaços para “serem descobertas” não há como ter minutos. A febre é tão grande que a epidemia de narcisismo – um fenômeno mundial – se espalhou por todo o país. De histórias toscas a modismos, passando por babaquices coletivas, até situações bizarras; não importa o quanto se exponha; o que importa é A-P-A-R-E-C-E-R. Quem não sem lembra, tempos atrás, de um dos primeiros grandes acontecimentos da internet: “Vai T.N. C.”, de Chris Nicolotti? A atriz, que até então tinha sido uma das apresentadoras de um programa de compras na TV, passou a ser a celebridade do

Minha amada Senhora

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Já me antecipo pedindo desculpas pela pieguice. Mas todos sabem que aquele que ama, vez ou outra, acaba sendo piegas. É que não posso deixar -  nesta ocasião - de falar da minha paixão por uma adorável velhinha que está aniversariando neste mês de janeiro. Essa senhora que, apesar da idade avançada, consegue todos os dias se reinventar; ser nova, moderna, mas lutando constantemente para não perder sua história e tradição. Uma anciã que a todo o momento recebe todos que a procuram com o maior carinho e digo todos, mesmo, todas as raças, crenças, culturas e gostos. Sempre há espaço para mais um! Senhora multifacetada, consegue abrigar em si várias formas e estilos de vida: é rica, é da periferia, da favela, das casas e arranha-céus; dos viadutos e avenidas, dos parques, lagos e rios (que chora por sua poluição). É do Brás e é da Oscar Freire; é do traje social e de gala e é do estilo alternativo, do short e camiseta. Transita, muda e renova a cada segundo. É mesmo difícil acompanhar o se